7 de mar. de 2007

A diferença entre populismo e popular.

A visita do Rei George dos EUA ao Brasil proporciona um excelente exemplo da diferença entre esses conceitos.

Com ele, “King George” traz promessas de medidas de cunho social, destinadas a subtrair apoio a Chávez na América do Sul. Entre essas promessas, temos um navio hospital para efetuar 85.000 atendimentos e 1.500 cirurgias em pessoas de baixa renda, programas de microcrédito para a construção de casas populares, um programa de treinamento para a educação infantil e mais algumas coisinhas.

Além disso, traz ele a promessa de um “capitalismo de verdade”, capaz de levar as pessoas tão longe quanto forem capazes de trabalhar duramente.

Enquanto isso, Chávez tem investido uma parcela significativa do PIB de seu país para criar uma rede de saúde para todos os venezuelanos, garantir-lhes moradia e educação de qualidade gratuita.

E eis aí a diferença entre populismo e popular.

Enquanto Bush distribui migalhas que não resolvem o problema, mas criam dependência dos que sofrem enquanto seu país investe quase 400 BILHÕES de dólares ao ano em armas, Chávez investe na construção de um sistema que resolva o problema, investindo parcela considerável de seu PIB.

Enquanto um entende medida social como caridade e propaganda, o outro a vê como uma genuína preocupação em melhorar a situação da população, na forma de política pública.

Enquanto um distribuí favores para adquirir apoio, o outro cumpre uma obrigação do Estado.

Essa é a diferença entre populismo e popular. Um é insincero. O outro, não.

O discurso de Bush é, também, revelador. Diz ele, como o conservador que é, que progredir socialmente é função do trabalho individual. Ou seja, pobre é pobre por não ter trabalhado duro o suficiente, e, implicitamente, que quem não tem condições de trabalhar não deve progredir.

Claro, ele adiciona que não existe “capitalismo verdadeiro” na América do Sul, que permita às pessoas progredirem tanto quanto possam, na razão de sua capacidade de trabalhar duramente.

Mas se não existe “capitalismo verdadeiro” aqui, onde podemos encontrá-lo? Afinal, em lugar algum do mundo as pessoas progridem tanto quanto seu trabalho duro as leva. Nem mesmo na capital do império isso ocorre. Na verdade, as pessoas tendem a progredir mais por terem adquirido mais riqueza, do que por terem trabalhado.

Afinal, qual é essa utopia que Bush tenta nos convencer a adotar? É isso diferente do que existe a tantas e tantas décadas por aqui, e que levou à situação que Bush considera tão ruim?

É óbvio que para defender o capitalismo é necessário dizer que o que existe e provocou uma situação tão ruim não é capitalismo, mas algo diferente. Se pudesse, ele adoraria dizer que o que existe por aqui é comunismo, mas nem ele seria cara-de-pau a esse ponto.

E eis mais um exemplo de populismo, agora no discurso, em comparação com o discurso de Chávez que não elogia o dono do capital como “capaz de trabalhar duramente” e o pobre como “incapaz de se esforçar”, ou finge que o capitalismo que existe na América do Sul não é “de verdade”, ou que seja diferente do que existe na “matriz”.

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